30 de mai. de 2010

escolho

Eu escolho
um homem
que não duvide
de minha coragem
que não
me acredite
inocente
que tenha
a coragem
de me tratar como
uma mulher.


Anaïs Nin


29 de mai. de 2010

vontade e fé



"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez"

Caio Fernado Abreu



Acredito muito nisso!!  Acredito que temos que buscar dentro da gente as certezas , as alegrias, as vontades, o sorriso....a esperança. Aquele que perdeu a esperança, perdeu a fé.. Quem perde a fé, perde  a vontade, quem perde a vontade.....fica sem vontade!! Um sujeito sem vontade, é um sujeito sem vida.





26 de mai. de 2010

caminho


Em que estação deixaste
A liberdade
A coragem
Uma vontade
Um ato covarde
Um chute no saco
Um grito de alarde

Em que momento calaste
   Dentro da alma
  Olhos fechados
   Lembra a paisagem
   Silêncio deserto
   Sorriso transparente
    Ingênua mocidade

Em que horas choraste
 Pois já é tarde 
O trem parte
Sai de viagem
  Em busca da
  Felicidade.


exausto


 Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes. 



by Adélia Prado in Exausto



25 de mai. de 2010

a poetisa

Um olhar para essa grande poetisa paulista Hilda Hilst.....




DO DESEJO 

E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.


(Do Desejo - 1992)

* * *



Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.


( Do Desejo - 1992)


* * *

Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?


(Da Noite - 1992)



( Hilda Hilst nasceu em Jaú, São Paulo, em 21 de Abril de 1930. )






24 de mai. de 2010

summer of ' 42



Summer of ' 42 - Houve uma vez um verão
Uma declaração de amor




Este foi meu primeiro filme de "amor adolescente". 
Inesquecível, pela música, poesia , fotografia....e aquela coisa "adolescente" das descobertas.
Passei muito tempo acreditando que "transar" dava apendicite.....rs..



preguiça


"As vezes dá preguiça

Na areia movediça

Quanto mais eu mexo mais afundo em mim

Eu moro num cenário

Do lado imaginário

Eu entro e saio sempre quando "tô a fim"

by Danni Carlos in Coisas que eu sei

se eu fosse

Se eu fosse...


Se eu fosse uma hora do dia – 22.00h 
Se eu fosse um dia da semana: Quinta -feira
Se eu fosse um astro - Marte
Se eu fosse uma direção – Esquerda
Se eu fosse um móvel – Uma estante de livros,discos e filmes
Se eu fosse um liquido – Pinot Noir
Se eu fosse um pecado – Gula
Se eu fosse uma pedra – Rubi
Se eu fosse uma árvore – Mangueira
Se eu fosse uma fruta – Manga
Se eu fosse uma flor – Margarida
Se eu fosse um clima – Outono
Se eu fosse um instrumento musical – Violão
Se eu fosse uma cor – Azul
Se eu fosse um animal – Leoa
Se eu fosse uma música – Dona (Sá e Guarabira)
Se eu fosse um sentimento – Amizade
Se eu fosse um livro – Dom Quixote
Se eu fosse uma comida – Torradas com geléia
Se eu fosse um lugar - Montanha
Se eu fosse um gosto – Doce
Se eu fosse um cheiro – Flores e madeira
Se eu fosse uma palavra – Com Licença
Se eu fosse um verbo – Agir
Se eu fosse um objeto – Espelho
Se eu fosse uma peça de roupa – Echarpe
Se eu fosse uma parte do corpo – Os olhos
Se eu fosse uma expressão facial – Sorriso
Se eu fosse uma personagem de filme – Scarlet O'Hara
Se eu fosse um filme – A vida é Bela
Se eu fosse um número – 2
Se eu fosse uma frase -
"Não ouse roubar minha solidão se não fores capaz de me fazer real companhia."  Nietzche

22 de mai. de 2010

cegos do castelo



dos cegos do castelo
me despeço e vou
a pé até encontrar
um caminho
um lugar
pro que sou
e se você puder me olhar
e se você quiser me achar
e se você trouxer o seu lar
eu vou cuidar
eu cuidarei dele
eu vou cuidaaaaaaaaaaaaaaar
do seu jardim



Pedi uma paella com uma garrafa de vinho e fui pro quarto dos meninos...A música, meus pensamentos...e entre uma garfada e outra, riso e lágrimas se confundiam. Foi assim meu aniversário.



trancado



quando ele voltar 
já não vou mais estar
peguei o que restou
silencioso
e deixei o quarto
fechado com
um estrado apoiado
onde o vazio se
instalou.

quando ele voltar
e por mim procurar
vai olhar
praquele quarto
e lembrar
do sussurro travado
do gozo suado
do batente rasgado

e eu do outro lado
vou sorrir
meu sorriso
desvergonhado.



luz perfeita


 Em Dias de Luz Perfeita e Exata


Às vezes, em dias de luz perfeita e exata,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Por que sequer atribuo eu
Beleza às coisas?

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas. 

A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das coisas: são belas? 

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ver senão o visível! 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXVI"


16 de mai. de 2010

rifa-se




Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que,
ainda não foi adotado, provavelmente,
por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.


Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos e, a ter a petulância
de se aventurar como poeta. 


Clarice Lispector






15 de mai. de 2010

sem direção


coração desgovernado 
insano, machucado 
feito carro quebrado 
na ladeira da memória
sem freio 
sem condução
sopro de vela 
fumaça no espaço
 armadilha
 cansaço
sem forma 
sem direção,
 



(.....)






(....) e hoje em dia , como é que se diz "eu te amo"??




13 de mai. de 2010

faz de conta





No vão daquele vôo
me preparei pra voar
me deixar levar sem esperar

No espaço daquele tempo
virei menina , moleca
na sua memória
entrando sem medo
naquele vento

Meu vôo vai depender
da armação  e do equilibrio
entre o espaço e o vento
da velocidade e da leveza 
dos acontecimentos

Sou feita de papel de seda em retalhos
e pó de vidro na rabiola

Cabeça de vento sem manivela
sem linha
sem limite
no céu.





11 de mai. de 2010

destino, acaso ou coincidência



Podemos muito bem, se for esse o nosso desejo, vaguear sem destino pelo vasto mundo do acaso. Que é como quem diz, sem raízes, exatamente da mesma maneira que a semente alada de certas plantas esvoaça ao sabor da brisa primaveril.
E, contudo, não faltará ao mesmo tempo quem negue a existência daquilo a que se convencionou chamar o destino. O que está feito, feito está, o que tem se ser tem muita força e por aí fora. Por outras palavras, quer queiramos quer não, a nossa existência resume-se a uma sucessão de instantes passageiros aprisionados entre o «tudo» que ficou para trás e o «nada» que temos pela frente. Decididamente, neste mundo não há lugar para as coincidências nem para as probabilidades.
Na verdade, porém, não se pode dizer que entre esses dois pontos de vista exista uma grande diferença. O que se passa - como, de resto, em qualquer confronto de opiniões - é o mesmo que sucede com certos pratos culinários: são conhecidos por nomes diferentes mas, na prática, o resultado não varia.


Haruki Murakami,  "Em Busca do Carneiro Selvagem"




10 de mai. de 2010

filmes proibidos



Corpos, destroços, resíduos e ossos........
detritos,dejetos funestos,o lixo dos restos....
tudo apodrece, só o amor se conserva...
 nosso amor é a ultima reserva...."


 Filmes Proibidos - Bruna Lombardi







3 de mai. de 2010

embora


A ausência nunca é completa. Vai o outro embora, mas fica dele um cheiro, uma carícia, um isso qualquer mofando na memória. O tempo ruge nos telhados, enlouquece as nuvens, e nos soca o rosto. Quando nos damos conta as cicatrizes estão aqui, servindo de maquiagem. Mesmo assim o tempo não basta: se a alma se nega, cá estamos, cantando. E o canto nunca é completo.

by Gracco Oliveira