19 de out. de 2010

embriague-se




Embriague-se

É preciso estar sempre embriagado. 

Isso é tudo: é a única questão.
 Para não sentir o horrível fardo do tempo que quebra seus ombros 
e o curva para o chão,
 é preciso embriagar-se sem perdão. 

Mas de quê? 
De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. 
Mas embriague-se. 

E se, às vezes, nos degraus de um palácio, 
na grama verde de um fosso,
na solidão triste do seu quarto,
você acorda,
 a embriaguez já diminuída 
ou desaparecida, 
pergunte ao vento,
à onda, 
à estrela, 
ao pássaro, 
ao relógio,
a tudo o que foge,
a tudo o que geme,
a tudo o que rola, 
a tudo o que canta,
 a tudo o que fala,
 pergunte que horas são
e o vento, 
a onda, 
a estrela, 
o pássaro, 
 e o relógio lhe responderão: 
“é hora de embriagar-se! para não ser o escravo do mártir do tempo, embriague-se; 
embriague-se sem parar! 
de vinho, de poesia ou de virtude, como quiser”.

Baudelaire


aterrissagem


Canto de regresso à pátria

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.




Quando penso na poesia de Oswald de Andrade e sua trajetória, logo lembro de sua  famosa escrita.Quando penso nos seus amores, passo por Tarsila , mas  mexe comigo o amor  Pagu , sua ideologia e luta. E por fim, aterrisso nas cores do Tropicalismo e toda sua remota origem. Voar nesse universo quase infinito de histórias, vidas, artes, música, política e sonhos...se faz presente a vontade de ter vivido tais anos....tais poesias....e tantas pessoas....


14 de out. de 2010

limites e afins


“Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes

Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.”


 Sophia de Mello Breyner







"Nada fiz para ser diferentenada farei para ser igual."

Eugénio Augusto Chaves




"Eu gosto do impossível, tenho medo do provável, dou risada do ridículo e choro porque tenho vontade, mas nem sempre tenho motivo. Tenho um sorriso confiante que as vezes não demonstra o tanto de insegurança por trás dele. Sou inconstante e talvez imprevisívelNãogosto de rotina. Eu amo de verdade aqueles paraquem eu digo isso, e me irrito de forma inexplicávelquando não têm fé nas minhas palavras. Nem semprecoloco em prática aquilo que eu julgo certo. São poucas as pessoas para quem eu me explico..."

 Bob Marley




12 de out. de 2010

jardim

ele e eu
eu e ele
temos um jardim
que é só nosso...

onde nossos risos,
abraços
cuidados
beijos e amassos
se misturam
 e se calam

onde fechamos para o mundo
nossas vontades
nossas verdades
onde passamos as tardes
onde rolamos nas noites
onde acordamos laçados

eu e ele
ele e eu
nós dois
nosso jardim
eu a flor
ele o jasmim.