1 de out. de 2011

o bolo


Hoje fiz bolo de laranja. Estava uma tarde fria, com o céu alaranjado anunciando um por-do-sol, e na cozinha sujando minhas mãos, lembrei de você. Queria você do meu lado, naquele momento, fechei os olhos por um minuto, tentei lembrar do seu cheiro, e da temperatura perfeita de sua pele. Logo apos, abri os olhos e derramei o liquido cremoso alaranjado na forma de bolo, havia ficado um aroma bom na cozinha. Pensei logo “será que ele gostaria de estar aqui, para sentir esse cheiro? Para sentir o meu cheiro? Ele gostaria de estar aqui, para observar a queda da calda de chocolate? Para observar meu sorriso abobado? Será que ele gostaria de estar aqui, do meu lado, apenas para podermos ter uma conversa, uma risada, para relembrar nostalgias? Eu não sei, mas com certeza, eu queria. Não apenas queria a presença dele, o toque, o cheiro, o sorriso, as conversas… Mas queria ele.
Cansada de conversas de pouco intelecto e papinhos extremamentes clichês, a unica coisa que poderia nos ligar, era a força dos nossos pensamentos, dos nossos sentimentos… Então, pela manhã, enquanto aguentava futilidades e conversas tão ridiculas, apenas fechava os olhos, e tentava te imaginar do meu lado. Caso quisesse mais, olharia nossa foto mais uma vez, e soltaria outro suspiro de saudades. 
Relembrando suspiros, relembro os seus suspiros, sua respiração… Um suspiro timido, apenas uma pequena solta de ar, um suspiro baixinho, quietinho, aliviado na curva quente do meu pescoço, e então, pude ouvir, um alivio que tinhas, por finalmente me ter em teus braços, em tua boca, em finalmente me ter. Tua respiração quente confortava minha pele, e trazia a mim, uma paz interior, um sentimento de egoismo, queria você só para mim, em meus braços, para sempre, queria te prender nos meus braços, queria ter para sempre, a curva do teu pescoço quente e confortavel, para poder me sentir tão segura, amada, e protegida, como eu me senti com você. E então, queria teus labios para sempre, grudados no meu, queria ter todo momento frio, tuas mãos grudadas nas minhas, e tua voz, tua boca, você, em meu ouvido, dizendo baixinho “Eu te amo, muito, muito, muito mesmo.” Queria ter para sempre você, ali, comigo, naqueles bancos escuros, com tua respiração me esquentando, com teus beijos me confortando, com teus abraços me esquentando. Queria todos os momentos, sentir teu suspiro, tua voz, você, do meu lado, grudado, abraçado, beijado, conforvel, rindo, amado, desejado. Para sempre, queria poder rir da confusão entre nossos beijos, não me importando com a perfeição do seu beijos, dos seus movimentos, mas sim, me importando com a perfeição do momento, do seu cheiro, do desenho do teu pescoço, que a todo momento eu insistia em contornar, com a perfeição dos ossos da sua mão, com a perfeição do contorno dos teus labios, com a perfeição da temperatura da tua pele, na qual eu não conseguia tirar a mão e parar com caricias tão desejadas. Como sempre digo, você é imperfeito, mas totalmente, completamente e irredutivelmente, perfeito para mim. 
Naquela cozinha, esperando o fogo quente dourar o bolo alaranjado, sentada na varanda, parei por um segundo, e pensei “Por que eu o amo tanto?” 
Sei que não te amo por você gostar de história, não te amo por você ter um beijo atrapalhado, não te amo por você curtir música, não te amo por você falar rápido demais e me fazer ficar confusa.
“Então”, pensei comigo “por que eu o amo tanto?” E em seguida, lembrei de um trecho famoso, mas verdadeiro, que me deu a resposta: “O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Chico. Isso são só referênciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam,pela fragilidade que se revela quando menos se espera.”
E então, posso dizer: Eu te amo.
Quer um pedaço de bolo?


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